quinta-feira, 19 de maio de 2011

Jeitinho brasileiro



Essa semana, voltando para casa de ônibus após mais um dia de casa-trabalho-faculdade-casa, me deparei com uma cidadã brasileira comendo amendoim e jogando a embalagem no chão do ônibus. Provavelmente pelo cansaço, na hora não me dei conta, mas estiquei o braço e recolhi a embalagem, guardando na lateral da mochila para jogar fora depois, como faço com meu lixo particular; como se a embalagem fosse minha e tivesse caído. Ela e o namorado - sim, ela tinha um namorado - imediatamente me olharam confusos. Como eu estava ainda mais confuso, enterrei a cabeça no livro que estava lendo e continuei a viagem, porém não pude deixar de pensar no assunto.

Na hora lembrei de um ótimo texto do João Ubaldo Ribeiro, Precisa-se de matéria-prima para construir um país. O autor fala sobre uma "esperteza brasileira congênita", uma "desonestidade em pequena escala". A mesma cidadã que jogou o lixo no chão do ônibus, provavelmente reclama da qualidade dos transportes públicos, da sujeira na cidade, do governo e do presidente. É a mesma brasileira que espera um messias presidencial para dar uma solução mágica ao país. Mas o que pode fazer uma única pessoa, eleita representativamente, se nós não somos capazes do mínimo? O que pode fazer um presidente com uma "matéria-prima defeituosa"? Precisaremos de uma lei punindo quem joga lixo no chão? Só funcionamos à base de punições?

Não digo pra ninguém sair por aí recolhendo lixo alheio, até porque eu não pretendo fazer isso, mas não jogar o lixo no chão já é um começo.

Lembro também de uma ilustração engraçada de um professor de História que tive no sexto ano - alguns anos atrás -, onde ele falava sobre uma bolinha de papel no chão, que entupia o bueiro, que causava uma enchente e matava uma velhinha. Trágico? Talvez tenha sido um bom trauma, pois lembro disso até hoje...


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