quinta-feira, 26 de maio de 2011

Teatro Engajado

Lendo o texto de um amigo sobre Teatro Engajado comecei a pensar sobre as questões levantadas por ele. Achei muito interessante a discussão sobre a questão da arte pela arte ou da arte que leva a pensar, por isso estou reproduzindo uma versão adaptada do texto dele:

Uma grande confusão é causada pelos termos no que diz respeito a um teatro que trabalhe com o homem inserido em questões sócio-políticas, mas é costume reduzí-los ao chamado Teatro Político. Teatro de Propaganda, Teatro Revolucionário, Teatro Engajado. Sociologicamente, toda discussão é política, assim, todo teatro se definiria como político, porque discute alguma coisa. Mas, ganhou status separado, um tipo de teatro que busca causar mudanças de importância sócio-política.
Nascido de uma discussão que abrangeu inicialmente todas as áreas da arte, com o início da Arte Moderna, que colocaria em pontos opostos os artistas que defenderiam a “arte pela arte” e a arte com sentido, o Teatro Político foi amplamente discutido em todo o século XX. Aqueles que defenderiam que a arte é algo autônomo, sem necessidade de pensar algo que não seja ela mesma e a arte que impõe discussão sobre a vida. O fato de artistas esteticistas se colocarem contra o Engajamento já significa uma conduta política. Pensando assim todos os artistas sérios são engajados. Mas não se trata apenas de saber se o artista tem um ponto de vista político formado; trata-se de saber se o seu ponto de vista político faz parte integrante da sua obra.
Há muitas tendências diferentes. O teatro que vai discutir a questão do negro, da mulher, do homossexual, etc, partindo de pressupostos estéticos bem diferentes. Mas, a característica anti-lúdica será preponderante.
Mas como podemos então diferenciar esse Teatro Engajado de sua forma essencial chamada de Teatro Político? Este teatro não busca mudar a sociedade como o Teatro de Propaganda, mas sim o homem. Se ele não tenta “catequizar” com uma resposta pronta para o mundo, ele só tenta mudar ou conscientizar o homem. E, ainda, por considerar que o Teatro Engajado muda a realidade em prol dessa conscientização o Teatro Engajado nasce da união de política e teatro.
Por trás da discussão sobre Engajamento está a eterna discussão sobre a finalidade da arte. A arte deve ensinar ou proporcionar prazer? É possível que as duas coisas aconteçam simultaneamente? Esse debate está repleto de paradoxos, e de paradoxos inevitáveis, uma vez que a ação de aprender pode ser um prazer, e que, por outro lado, o fato de estar experimentando uma sensação de prazer não nos impede de estar aprendendo alguma coisa.
Algumas obras desse tipo de teatro são maniqueístas, indutivas demais. Mas é essa a preocupação de um teatro engajado. Se mostrar um ser humano, não conseguirá efeito sobre a platéia que poderá se identificar com o mau e o achar injustiçado. Já mostrando o homem mau de forma radical, conseguiria causar a indignação na platéia.
No fim das contas: Teatro Engajado é aquele que, simplesmente, quer “levar as pessoas a se engajarem”.
(Texto de: Thiago Herzog; adaptado por: Luciana Gomes)

A arte pode ser usada pra se fazer pensar além da beleza das obras, essa discussão, apesar de estar focada no teatro, é válida pra todos as representações artísticas. A arte engajada nos leva a pensar e, através dessa reflexão, modificar a nós mesmos e mais amplamente a sociedade.

Aí achei que é estranho que a gente precise de lembretes pra pensar a nossa própria sociedade. Não que o teatro engajado seja dispensável, longe disso, justamente por conta dessa forma de agir meio "alienada". Nós precisamos mesmo de alguma obra de arte para raciocinarmos a questão do negro? Do preconceito em geral? Da inclusão de minorias, como os deficientes? A gente não vê no dia a dia vários acontecimentos que poderiam ter um desfecho diferente se a gente interferisse? Porque em última instância o objetivo do teatro engajado é esse, fazer com que as pessoas se engajem, que ajam.

E ainda, essa preocupação não é de mudar o coletivo, e sim transformar o individual, pra que este único indivíduo alterado consiga através de suas atitudes transformar a sociedade. Pra gente ver como nossas atitudes fazem diferença sim, mesmo dentro de um grupo muito grande de pessoas.

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